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Voto de Pesar n.º 67/X/2025

Voto de Pesar n.º 67/X/2025

Voto de Pesar n.º 67/X/2025

Voto de pesar pelo falecimento de Mário Fernandes.


Voto de Pesar n.º 67/X/2025 , de 06 fevereiro

(Voto de pesar pelo falecimento de Mário Fernandes)

A 31 dezembro de 2024 perdemos o cidadão Mário Fernandes que se encontrava em tratamento médico, em Portugal.

Mário Fernandes nascido a 20 de dezembro de 1943 em São Salvador do Mundo e viveu uma boa parte da sua vida na cidade da Praia.

O cidadão Mário Fernandes entrou nas fileiras do PAIGC na década de setenta do século passado, militando na clandestinidade, integrando as células que tinham por missão angariar mais membros, consciencializar as pessoas sobre as causas da luta para a independência nacional, mobilizar as pessoas para engrossar as fileiras da clandestinidade em Cabo Verde, para além da disseminação das informações através de materiais disponíveis e de toda a atividade considerada subversiva na época.

Mário Fernandes contava, com orgulho, o seu percurso de clandestinidade e das vezes em que esteve em risco a sua liberdade pelo facto de alguma desconfiança que julgava existir no seio da DGS Pide que tinha, entretanto, aproximado mais de outros companheiros que não conseguiram fugir das garras da polícia política e foram parar à prisão.

Depois de 25 de abril integrou imediatamente o grupo de ação política no país e militou ativamente nas estruturas que tinham por missão, nessa altura, fazer chegar às pessoas as informações sobre a luta para a independência de Cabo Verde.

Participou em muitos encontros e reuniões de sensibilização e esclarecimento da população, já num contexto de maior abertura, principalmente em Achadinha, onde residia e cedo passou a ser uma figura muito conhecida e respeitada.

Integrou o grupo dos milicianos, ainda antes da independência nacional e fez parte do emblemático grupo de milicianos treinados e mobilizados para estar presente no dia 5 de julho de 1975, complementando, de certa forma, o pequeno contingente de militares que tinha a responsabilidade de, simbolicamente, testemunhar a troca das bandeiras e outras honras que a praxe recomendava.

Depois veio a ser agente da polícia, cumprindo a missão de garantir a segurança, a ordem e a paz social nesse contexto do nascimento de um Estado Independente, função que exerceu de forma responsável e exemplar.

Mais tarde, veio a trabalhar, como condutor, no Banco de Cabo Verde onde exerceu até a sua reforma.

Como cidadão fez parte de associações sociocomunitárias que contribuiu para as ações de organização e requalificação dos Bairros, como exemplifica a sua participação no PROMEBAD que teve intervenções diretas nas localidades de Achadinha, Eugénio Lima e Várzea, construindo um conjunto de equipamentos sociais e habitações que ainda hoje persistem às investidas do tempo.

Parte um militante das causas da independência nacional, parte um cidadão preocupado com os problemas sociais dos Bairros e ficam as obras e as boas recordações de um Homem corajoso que soube viver a sua época e cumprir para com a sua Pátria, que ajudou a edificar.

Apresentamos à família, aos amigos e à Associação dos Combates da Liberdade da Pátria as mais sentidas condolências.

Descanse em Paz Mário.

Assembleia Nacional, aos 23 de janeiro de 2025.

Publique-se.

O Presidente da Assembleia Nacional, Austelino Tavares Correia.